Quando já não estás
Quando andei no secundário, ao que parece ter sido uma vida inteira atrás, conheci uma pessoa que mudou a minha vida.
Era mais velho que eu, e o grupo de amigos dele, que à primeira vista não se iriam identificar nada comigo, passaram a ser OS meus amigos durante muito tempo e em muitas aventuras. Mas foi ele que sempre esteve lá.
Sabia, mesmo sem falar comigo, quando alguma coisa se passava, boa ou má. Sabia quando eu precisava de um abraço ou de ir desanuviar, ou só conversar durante horas - fizémos isso tantas vezes. Ligava-me só porque sim, "protegia-me" de coisas que foram só nossas, eu sempre fui a miúda.
Fomos amigos desde os meus 15 anos até aos 27. 12 anos de amizade sem trocas. Sem pedir nem esperar nada. Aqueles amigos que estão sempre lá.
Faz hoje 8 anos que recebi a notícia que ele tinha morrido num acidente de mota, estava eu a tirar a carta de mota. Penso nele tantas vezes, ainda me questiono tantas coisas, gostava que ele visse como estou agora - tenho a certeza que ia ficar muito orgulhoso. Tínhamos o ritual de TODAS as manhãs, sem excepção, falarmos no chat do gmail. Sobre tudo. Há anos que o meu chat não mexe. Fazes-me tanta falta. Qual é o indicativo de onde estás? Estás a ver-me aí de cima? Eu sei que de vez em quando piscas o olho e dizes o teu "boa miuda" com aquele sorriso.
Se calhar por saber isso, ainda não consegui chorar nem apagar o teu número, por mais parvo que seja, 8 anos depois - no ano em que toda a minha vida mudou.