subconscientes, vida e morte
Tive um melhor amigo.
Conheci-o quando eu tinha 14 anos (há uma vida inteira atrás) e na altura já ele era mais velho e mais sabido do que eu.
Ele era da minha turma e estava só a fazer uma disciplina. Era aquele amigo que sempre, sempre, esteve lá. Podíamos estar meses sem falar mas aparecia sempre nas alturas críticas.
A última vez que reapareceu foi há 3 anos, numa altura muito crítica. Do nada mandou-me um sms, quando não falávamos há meses onde só se lia "o que se passa?".
Fiquei a olhar para o telefone, incrédula. Eu não tinha dito nada do que se estava a passar e era impossível ele saber porque o meu círculo de amigos não tinha nada a ver com o dele.
Aquela mensagem fez-me pensar. Como é que era possível ele ter aquela queda de saber SEMPRE quando eu precisava de desabafar?
Ainda só tinham passadas umas semanas desde que tinham acontecido as coisas. Eu respondi, com o meu tom brincalhão, como normalmente.
A conversa manteve-se e ele percebeu.
Veio ter comigo ao trabalho e fizémos o que era normal em nós. Em vez de irmos beber um café fomos beber umas imperiais e conversar.
Durante uns meses tomamos muitos cafés e bebemos muitas minis, trocamos muitas conversas e falámos de tudo.
Até um dia.
Até ao dia em que recebo uma mensagem em que me dizem que um dos meus melhores amigos morreu num acidente de mota.
Não soube muito mais que isto. Só que ele morreu. Foi das pessoas mais inteligentes que conheci e das mais brincalhonas mas com um sentido de humor apurado.
E morreu. Assim, sem mais nem menos. Sem eu lhe poder dizer o quanto ele foi importante para mim e para o meu crescimento.
Durante 3 anos que passaram eu acho que ainda não soube lidar muito bem com a morte dele. Eu estava, na altura a tirr a carta de condução de mota e tinha comprado a minha 1ª mota 125 CC. Quando soube que ele tinha morrido, não sei porquê mas deixei de ir às aulas de código e deixei de marcar aulas de condução.
A minha mota ficou parada mais de 1 ano (também porque engravidei) mas a vontade e o medo de pegar nela eram mais que muitos.
Até que a vendi...
Ganhei uma aversão a conduzir motas... Porque um dos meus melhores amigos morreu a conduzir uma mota e eu não lhe disse adeus e o quanto gostava dele.
Não sei se é por esta "onda" de mortes que o meu subconsciente se veio lembrar disto agora, mas veio ao de cima.
Sonhei com ele esta noite. E o sonho pareceu tão real que acordei sobressaltada...
Tenho saudades dele. Mais do que consigo expressar e muitas vezes dou por mim a escrever mensagens para um destinatário que já não está cá...
Não deixem nada por dizer, nem abraços por dar.
A vida é muito curta.
Porque adoro a música, porque deftones tem tudo a ver com ele... porque és SEMPRE um marco na minha vida.